Amazônia Legal tem mais de 2 mil km² sob alerta de desmatamento, diz Inpe

Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O desmatamento na Amazônia Legal somou 2.090,38 km² entre janeiro e junho de 2025, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número representa um aumento de 27% em relação ao mesmo período de 2024. É a primeira alta registrada durante o atual mandato do presidente Lula.

O Sistema Deter, usado para monitorar alterações na vegetação, registrou 458 km² de alertas em junho, o menor número da série histórica para o mês. No entanto, a alta cobertura de nuvens pode ter dificultado a detecção de áreas desmatadas.

Mato Grosso concentra maior parte da devastação

O Mato Grosso lidera o ranking, com 1.097 km² desmatados no semestre — aumento de 141% em comparação a 2024. Pará e Amazonas também estão entre os estados com mais alertas. Grande parte da devastação ocorreu em propriedades privadas (43,5%), seguidas por áreas sem registro fundiário e florestas públicas não destinadas.

Organizações como o Greenpeace alertam para possíveis retrocessos nas políticas ambientais, como a tramitação do PL 2159/2021, conhecido como “PL da Devastação”, que pode flexibilizar o licenciamento ambiental.

Cerrado tem queda nos alertas, mas segue sob risco

No Cerrado, o desmatamento caiu 9,8%, passando de 3.724,3 km² para 3.358,3 km². Apesar da redução, o bioma continua sendo o mais desmatado do país, com foco em incêndios e uso do solo para atividades agropecuárias. Especialistas alertam para a falta de atenção política ao bioma, mesmo com sua relevância para o equilíbrio hídrico e climático do Brasil.

O Ministério do Meio Ambiente não se pronunciou até o fechamento desta reportagem.